O Colóquio “Ser Mulher nos Bombeiros”, promovido pela Associação Amigos de Samora Correia (ASASC), teve lugar no Palácio do Infantado, em Samora Correia e foi uma das iniciativas inseridas nas comemorações dos 50 anos da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Samora Correia, que comemora 50 anos de vida.
Por se assinalar o Dia Internacional da Mulher, o painel de convidadas foi composto por Mulheres: Irina Batista – Presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Samora Correia; Thays Freixo – Comandante dos Bombeiros Voluntários de Azambuja e Marlene Parracho – Bombeira e Formadora na Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Samora Correia.
Experiências de vida transmitidas por três Mulheres ligadas aos Bombeiros
As duas bombeiras, no ativo, partilharam formas de estar inerentes à sua profissão, como a necessidade de estarem extremamente focadas nas missões que concretizam, deixando de lado os aspetos emocionais, porque só assim conseguem desenvolver o seu trabalho com profissionalismo e salvar vidas humanas. “Temos de colocar um coração em suspenso e focar-nos no que sabemos para aplicar as técnicas e protocolo com eficácia e salvar uma vida”, referiu Marlene Parracho. Igualmente mencionaram a enorme disponibilidade que os Bombeiros precisam de ter, com prejuízo da vida familiar, sobretudo, no que se refere aos filhos, sendo fundamental a existência de apoio por parte de outros familiares, como os avós. “É difícil gerir o que sentimos com as ausências, mas estamos motivados para salvar vidas e bens. No final das operações sentimos um imenso orgulho misturado com um sentimento de culpa”, explicou Tahys Freixo.
Por sua vez, Irina Noel Batista, contou como se tornou Presidente da Direção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Samora Correia, de como ponderou abraçar este desafio e como o aceitou com força de vontade de fazer mais e melhor. Formou uma equipa contando com pessoas em quem deposita confiança e calhou que exista apenas um homem nos órgãos sociais. A associação tem mais de 25 profissionais e um orçamento superior a um milhão de euros.
Associação Humanitária dos Bombeiros de Samora Correia fundada em 1975
De salientar a presença no colóquio de dois dos fundadores da Associação Humanitária dos Bombeiros de Samora Correia, em março de 1975: João Rocha e António Rosa Teixeira. O primeiro contou como um grupo de seis amigos decidiu adquirir uma ambulância para a vila com o objetivo do socorro ser prestado de forma mais rápida e não esperar pela ambulância que vinha de Benavente. O segundo, António Teixeira, sabia exatamente quanto custou a ambulância, uma Pegeout 504, adquirida por 205 contos, com contributos de toda a população. De salientar a intervenção no processo da mulher do ex- farmacêutico, João Rocha, que integrou o grupo para desempatar as votações não unânimes e o seu nome também ficará registado na história. A Mulher que mantinha a ordem e o equilíbrio dos entusiastas, chamava-se Ana Assunção Cardoso Rocha.
No concelho de Benavente 34% dos bombeiros são Mulheres
O Presidente da Escola Nacional de Bombeiros (ENB), Lídio Lopes, tomou da palavra no colóquio da ASASC, para anunciar que a ENB vai abrir ciclos de formação para órgãos dirigentes das associações de bombeiros e essa formação será paga pela Liga dos Bombeiros Portugueses. O responsável pela ENB mencionou que Samora Correia é exemplo maior de como as mulheres têm um papel cada vez mais preponderante nos bombeiros, tendo em conta que no concelho de Benavente, 34% dos operacionais são mulheres e a Associação conta com três mulheres na liderança da direção, assembleia geral e conselho fiscal.