O Município de Benavente foi uma das 18 entidades distinguidas com o prémio Humana Circular, em cerimónia realizada na Fundação Calouste Gulbenkian no passado dia 7 de novembro.
Este prémio distingue o trabalho em prol da sustentabilidade levado a cabo pelas entidades parceiras da Associação Humana, reconhecendo-lhes uma postura especialmente ativa na transição para modos de vida mais justos e circulares.
A parceria entre a Humana e o município de Benavente permitiu salvar de aterro 36 146 kg de têxteis em 2023.
CÂMARA MUNICIPAL ESTEVE PRESENTE NA CERIMÓNIA DE ENTREGA DE PRÉMIOS
A Humana é uma associação sem fins lucrativos que promove a reutilização de têxtil desde 1998, contribuindo para a proteção do ambiente e gerando rendimentos para fins sociais, nomeadamente projetos de desenvolvimento em Moçambique e na Guiné-Bissau.
A cerimónia de entrega de prémios, sob o mote “Jornada Humana Circular 2024”, contou com intervenções introdutórias de Henrique dos Santos Pereira (membro do Conselho de Administração da Humana), Luís de Melo Jerónimo (Diretor do Programa Equidade da Fundação Calouste Gulbenkian) e Emídio Sousa (Secretário de Estado do Ambiente), este último em mensagem vídeo.
Andreia Barbosa, responsável de Comunicação e Economia Circular na Humana, apresentou os resultados do estudo “O impacto socioeconómico do vestuário em segunda mão em África e na UE27+”, elaborado pela consultora Oxford Economics e publicado em outubro. Na apresentação ficou patente o imenso potencial do setor do vestuário em segunda mão para impulsionar o crescimento económico sustentável e a criação de empregos verdes em todos os continentes. As conclusões dos investigadores apontam para a necessidade de políticas que apoiem e fortaleçam esta indústria circular – garantindo que continua a servir de ponte entre a sustentabilidade ambiental e o crescimento económico inclusivo.
RESÍDUO TÉXTIL PONTENCIA A VALORIZAÇÃO LOCAL E GLOBAL
Seguiu-se uma mesa redonda sobre “O resíduo têxtil –potenciar a valorização local e global”, que contou com a participação de Ana Cristina Carrola, vogal do Conselho Diretivo da Agência Portuguesa do Ambiente; Fernando Hin Júnior, Coordenador do Centro de Desenvolvimento Empresarial da Associação Comercial da Beira (Moçambique); Luís Cristino, co-fundador da consultora de sustentabilidade e inovação OMA; e Sónia Almeida, promotora nacional da Humana Portugal. O debate deixou claro que a Responsabilidade Alargada do Produtor – que vai permitir pôr os fabricantes e distribuidores de vestuário a contribuir financeiramente para o tratamento dos têxteis no final de vida – é essencial para assegurar a recolha seletiva e a valorização de têxtil que todos desejamos. Mas uma vez que a sua implementação só está prevista para 2027, os municípios sentem-se desamparados perante a obrigatoriedade de implementar uma recolha seletiva de resíduos têxteis já no próximo ano. Projetos com apoio financeiro (voluntário) de fabricantes poderão ser uma forma de avançar, estando a sua implementação prevista no Plano de Ação para a Economia Circular, cuja versão atualizada deverá ser aprovada em breve.
Entretanto, operadores de reutilização como a Humana continuarão a ser os principais parceiros dos municípios na recolha e valorização do têxtil, sendo que a sociedade se mostra cada vez mais exigente no que diz respeito à transparência da cadeia de valor do têxtil usado.