Palácio do Infantado recebe a exposição “Maria Mil Homens – do Sonho à Lenda”
A exposição “Maria Mil Homens – do Sonho à Lenda” relata, de forma muito intuitiva, a história da Cavaleira Tauromáquica e está patente no Palácio do Infantado, em Samora Correia.
Maria d´Oliveira Chaparro, conhecida como Maria Mil Homens, nasceu em Samora Correia em 3 de dezembro de 1928. Desde tenra idade que a menina de cabelo negro e de olhos curiosos demonstrava um gosto particular pelo campo, pela liberdade proporcionada pelo ar livre e adorava acompanhar o seu avô, João Francisco Mil Homens, nas atividades com os cavalos e com o gado numa fazenda da Companhia das Lezírias, onde o avô era arrendatário.
Maria Mil Homens seria uma “Maria rapaz” como, naquela época, vulgarmente se apelidavam as meninas que não seguiam os expectáveis comportamentos padrão para o sexo feminino. E assim era feliz. (…) Segundo o curador da exposição, Joaquim Salvador “ se levarmos aquela Mulher, recuando na História, percebermos o que era a vida das Mulheres naquele tempo, ela era uma Mulher à frente do seu tempo. Todos nós, que habitamos neste Concelho de Benavente, devemos ter muito orgulho em figuras destas, tal como a Maria Mil Homens foi”.
A carreira de Maria Mil Homens
Maria Mil Homens apresentou-se em público pela primeira vez aos 20 anos de idade, na Praça de Algés. Surpreendeu e recebeu uma grande ovação. Desde logo angaria tal visibilidade que passa a ser convidada de honra em inúmeras festas tradicionais e tentas, enchendo as praças portuguesas por onde passava, toureando em quase todas elas, desde Vila Franca a Évora, de Beja a Espinho e, claro, no Campo Pequeno, a arena mais almejada. Todos queriam ver a cavaleira de Samora Correia que seguia a par com António José de Oliveira, nome maior da tauromaquia nacional.
O sucesso da elegante e talentosa toureira passa fronteiras. Em 1951 surge o convite de Angola para a participação de Maria Mil Homens em alguns espetáculos taurinos, e o que estava previsto durar umas semanas, acabou por se transformar em 5 meses, com atuações agendadas em Luanda, Lobito e Benguela. Os aficionados da colónia Africana renderam-se à arte de Maria, com momentos de toureio a cavalo efetuados com inteligência, técnica e extremamente garbosos.
Esta tournée foi um êxito, conquistou o público, que lhe dedicou sucessivas ovações.
A Cavaleira de Samora Correia teve uma curta carreira nos anos 50 (entre 1948 e 1952), mas foi intensa e funcionou na sua vida como a concretização de um sonho.
Se, por um lado, teve uma carreira curta, por outro, é um orgulho a concidadã de Samora Correia ter tido a coragem de viver o seu sonho naquela época, com a arte que aprendeu e tão bem demonstrava.
Monumento à cavaleira
A inauguração do monumento em honra da cavaleira Maria Mil Homens irá ter lugar no decorrer do mês de dezembro, em Samora Correia.