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HISTÓRIA E IDENTIDADE

Samora Correia

Presume-se que a origem da cidade de Samora Correia esteja ligada ao Fortim de Belmonte. A zona do Fortim de Belmonte nunca se constituiu em povoação, pois a sua zona era erma, os terrenos pantanosos e a charneca adjacente era árida, não permitindo o cultivo. Assim, à sua volta, foram surgindo novas Comendas, entre as quais a de Samora Correia.

Com a decadência de Belmonte, surge a necessidade de procurar novos locais onde o cultivo das terras fosse possível, e a zona mais propícia para a concretização deste objetivo, era sem dúvida, a charneca ou a chacoteca. Um documento datado de 1252, cita um outro de 1245, quanto a um acordo estabelecido entre o Bispo e Capítulo de Lisboa e o Mestre de Sant’Lago (Mestre da Ordem Religiosa de Sant’Lago à qual pertencia o Fortim de Belmonte), sobre uma concessão de igrejas à Ordem de Sant’Lago. O documento diz: “(…) concedamos entregar-lhes as Igrejas de Almada, de Sesimbra, de Palmela, de Belmonte, de Vila Nova de Canha. Também concedemos àqueles que possam construir igrejas em Chacoteca e em Sabonha (…)”. este documento indica-nos que já na primeira metade do século XIII, existiria um povoamento na Chacoteca; um povoamento ainda sem nome mas que requeria a necessidade de haver uma outra igreja para além da de Belmonte. Este povoamento terá começado por ser uma quinta ou vila rural, sem nome mas com um aglomerado populacional grande. 

Em 1270, segundo um documento assinado pelo Mestre de Sant’Lago D. Paio Peres Correia, aparece o nome de “Çamora” como Comenda, ou seja, território autónomo com sede de povoação e Comendador. Esta Çamora estava desligada da Comenda de Belmonte e estava localizada na Chacoteca. Ora, se entre 1252 e 1270, deixa de se falar em Chacoteca e se passa a falar em Çamora, terá sido neste espaço de tempo que se formou a vila de Samora Correia. Até aqui, só se ouviu falar em Çamora, ainda sem o topónimo Correia, mas uma representação da Ordem do Papa, em 1303, refere uma entrega de terras ilegal que terá acontecido “(…) entre outras villas, à vila de Çamora Correya”. Também em 1315 documentos escritos por D. Dinis se referem a Çamora Correya. Isto prova, que no início do século XIV, a vila já existia com os dois nomes. 

O nome da vila de Samora Correia sempre suscitou muitas dúvidas quanto à sua origem. Para se falar na origem do nome desta vila, é primeiro necessária a divisão entre o primeiro e o segundo topónimos. “Çamora”, foi o topónimo que mais dúvidas suscitou e a mais hipóteses deu origem. Uns acharam que este nome foi dado a esta vila por causa de uma moura, Ça-a-moura, que residia junto à Fonte do Concelho em Samora Correia. Outros, também atribuem a origem deste nome a uma mulher. Esta mulher, de nome Çamora, seria familiar de D. Paio Peres Correia, o fundador desta vila. Muitos também acreditam que o nome tenha sido a alcunha atribuída a algum morador da vila. A hipótese que apresentam é a alcunha do fidalgo Pedro Afonso de Çamora. Estas três hipóteses não podem ser credíveis; a primeira e a segunda não têm fundamento histórico, e na terceira hipótese, existiu uma confusão de identidades. Mas existe uma quarta hipótese que parece ser a mais credível. Esta hipótese atribuí a origem do nome “Çamora” a D. Paio Peres Correia, que terá trazido este nome de Zamora (em Espanha). Perto desta cidade leonesa, existem outras terras com os nomes de Samora, Benavente e Salvaterra, o mesmo que acontece com a nossa região. Quanto ao topónimo “Correya”, não são tantas as dúvidas criadas em relação à sua origem. Supõem-se que tenha tido origem no nome do fundador da vila, D. Paio Peres Correia. A povoação desta pequena vila terá querido homenagear o seu fundador, e acrescentado ao nome “Çamora”, o Correia do seu fundador. Só a partir de 1830, é que Samora Correia se deixou de escrever sem o “Ç”. Samora Correia recebeu Carta de Foral em 1510, doada por D. Manuel; embora se tenham encontrado documentos datados de 1318 e 1426, que se referem já ao Concelho de Samora Correia. Como sabemos as Cartas de Foral apenas vêm confirmar concelhos já existentes.

Na sequência da reorganização administrativa desencadeada por Mouzinho da Silveira e que decorreu da Revolução Liberal, em 1836 o concelho de Samora Correia foi extinto e integrado no concelho de Benavente. A vila de Samora Correia possui, do ponto de vista da tipologia urbana, dois núcleos históricos ainda definidos e circunscritos à área envolvente da Igreja de Nossa Senhora da Oliveira e ao Largo 25 de Abril, entendendo como limite natural a poente, o Rio Almansor. Samora Correia tem uma área de 322,42 km2 e conserva os seus limites primitivos: Ribeira das Enguias, Rio Almansor (também chamado Tejo Velho ou Tejo de Samora) e Concelho do Montijo. 

Foi elevada a cidade em 12 de Junho de 2009.